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SOBRE
O I Seminário Nacional de Memórias Cênicas na Amazônia, com o tema 60 anos de Morte e Vida Severina nos palcos, é uma atividade do projeto de extensão Memórias Cênicas: formação, reflexão e práticas performativas, ligado ao grupo de pesquisa PERAU- Memória, História e Artes Cênicas na Amazônia/CNPq. Pensado juntamente com a Pró-Reitoria de Extensão/PROEX da Universidade Federal do Pará, o evento tem por objetivo central abrir espaço de memória e comemoração de um importante momento para a história do teatro brasileiro e paraense: os 60 anos da primeira encenação da obra de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina.
Somado a isso, o evento busca, também, abrir um debate crucial para a historiografia teatral nacional, a partir de um singular movimento cultural ligado às artes cênicas brasileiras: o teatro amador e de estudante, capitaneados por Paschoal Carlos Magno. 1958, ano a ser lembrado pelo evento, presenciou a realização do I Festival de Teatro de Estudante do Brasil, em Recife, responsável pela reunião de diversos grupos teatrais amadores de todo o país; e a primeira encenação da obra de João Cabral de Melo Neto, produzida por um grupo paraense, o Norte Teatro Escola do Pará.
O movimento de teatro amador, promovido por Paschoal Carlos Magno, foi muito importante para a modernização dos palcos nacionais no século XX, durante 30 anos. Contudo, os estudos e pesquisas históricas sobre o teatro brasileiro sempre procuraram dar destaque para outros eventos, criando uma história oficial do teatro moderno no Brasil. Porém, pesquisas recentes procuram refletir a importância desse movimento cultural, por meio da expansão do debate acerca dessas questões.
O teatro paraense esteve fortemente ligado a esse movimento nacional, que via o teatro amador e de estudante como um importante espaço de formação artística e humanista. O grupo Norte Teatro Escola do Pará (1957-1962) participou de quatro edições desses festivais nacionais: 1958 em Recife, com Morte e Vida Severina; 1959 em Santos, com Édipo Rei; 1960 em Brasília, com Picnic no front; e em 1962 em Porto Alegre, com Biedermann e os Incendiários. Nos dois primeiros festivais, o grupo se destacou por apresentar trabalhos inéditos aos palcos brasileiros da época, e essa postura vanguardista estava presente em suas ações.
Vale destacar a presença de importantes nomes locais e nacionais no Norte Teatro Escola do Pará, dos quais podemos: Maria Sylvia Nunes, a primeira diretora do espetáculo Morte e Vida Severina, que em Santos/1959 ganharia o prêmio de melhor direção do festival, premiação essa que lhe deu a oportunidade de passar alguns meses na França, para realização de cursos de teatro. Atuou, também, a partir de 1963, no Serviço de Teatro da Universidade do Pará, como diretora da Escola de Teatro e como docente, à frente das disciplinas História do Teatro, História do Espetáculo e Teoria do Teatro, até se aposentar, na década de 1990.
O segundo nome é o de Carlos Miranda, ator que interpretou o personagem Severino, e ganhou o prêmio de melhor ator do primeiro festival, premiação essa que no ano seguinte, no segundo festival, repetiria como Édipo, na tragédia sofocliana. Em 1960, ao terminar o curso de Direito na UFPA, Carlos Miranda muda-se para a cidade do Rio de Janeiro, dando continuidade à sua carreira teatral como ator e, posteriormente, como produtor e gestor cultural, chegando a trabalhar no INACEN, ligado ao antigo Serviço Nacional de Teatro.
O terceiro nome é Benedito Nunes, importante intelectual paraense, dedicado ao pensamento filosófico e à crítica literária. Atuou, também, a partir de 1963, como docente e gestor do Serviço de Teatro da Universidade do Pará, atual Escola de Teatro e Dança da UFPA.
Por último, destacamos Angelita Silva, que desde a década de 1940 desenvolvia importante trabalho com as artes cênicas paraenses. Participou como produtora do grupo Teatro do Estudante do Pará, dirigido por Margarida Schivazappa, importante liderança do movimento amador de teatro entre as décadas de 1940-50. Angelita colaborou, ainda, como crítica de teatro, em revistas de arte e cultura de Belém, função essa desempenhada com aguçado senso crítico e contemporâneo de sua época. Ela trabalhou como tradutora de muitas obras para os grupos amadores, como o texto O Poço do Falcão, de W.B. Yeats, peça levada em 1957 ao I Festival de Amadores Nacionais, organizado por Dulcina de Moraes junto à Fundação Brasileira de Teatro.
Com base nisso, a realização desse evento surge como espaço para refletir e socializar pesquisas desenvolvidas ou em desenvolvimento de intelectuais e artistas brasileiros ligados a esse campo de conhecimento. Ele congrega pesquisadores de diversas instituições nacionais, procurando mostrar o intercâmbio de ideias, a partilha de saberes, a celebração da memória das artes cênicas nacionais. É um encontro comemorativo, mas, também, de comunhão de saberes, ponto fundamental na extensão universitária.
Portanto, o evento é um momento de celebração, de reconhecimento histórico ao fato, às pessoas, aos artistas e intelectuais brasileiros que se dedicaram no passado pelo fazer e pensar cênico nacional. Por isso, sua realização tem como pilar a memória, pauta-se na necessidade de pensarmos, de criar uma relação de pertencimento a essa história que ainda não foi contada. Os festivais nacionais de teatro de estudante, organizados por Paschoal Carlos Magno, ainda são capítulos a serem escritos pela historiografia teatral. Damos um passo, porque acreditamos que esses momentos foram de fundamental importância para as artes cênicas brasileiras na segunda metade do século XX.
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PALESTRANTES
22/08/18
PROGRAMAÇÃO
17:00
Credenciamento: Hall do Teatro Universitário Cláudio Barradas
18:00
Abertura do Evento
18:30
Conferência de abertura
Paragassú Éleres - Morte e Vida Severina – seis décadas depois
20:00
Espetáculo Morte e Vida Severina
23/08/18
PROGRAMAÇÃO
15:00
(15h:00 - 16h:30): Mesa 01 - O teatro amador brasileiro e os festivais de teatro
Angela Reis (UNIRIO) - Por uma história plural do teatro brasileiro
Leidson Ferraz (UFPE) - A cena teatral pernambucana em meio ao I Festival Nacional de Teatro de Estudantes - 1958
Mediadora: Rosilene Cordeiro
17:00
(17h:00 - 18h:30): Mesa 02 - João Cabral de Melo Neto / Morte e Vida Severina: reflexões
Ernani Chaves (UFPA) - João Cabral por Benedito Nunes
J.J.Paes Loureiro (UFPA) - O Poema no Teatro: A ação como palavra e a palavra como ação
Mediador: Cláudio Didimano
18:30
(18h:30 - 19h:30): Ações performáticas
20:00
Espetáculo Morte e Vida Severina
24/08/18
PROGRAMAÇÃO
15:00
(15h:00 - 16h:30): Mesa 01 - Norte Teatro Escola do Pará e os festivais nacionais de Teatro.
Denis Bezerra (UFPA) - Norte Teatro Escola do Pará: entre a tradição e a vanguarda
Iracy Vaz (UFPA) - O protagonismo da encenação: Maria Sylvia Nunes e a primeira montagem de Morte e Vida Severina.
Mediadora: Ana Gama
17:00
(17h:00 - 18h:30): Mesa 02 - Paschoal Carlos Magno e João Caetano.
Andréa Carvalho dos Santos (RJ) - "Sem alicerces não se levantam edificíos": caminhos e descaminhos da formação atorial a partir de João Caetano e Paschoal Carlos Magno
Fabiana Fontana (UFSM) - Paschoal Carlos Magno e a descentralização cultural, no contexto do amadorismo teatral.
Mediadora: Simei Andrade
18:30
(18h:30 - 19h:30): Ações performáticas
20:00
Espetáculo Morte e Vida Severina
25/08/18
PROGRAMAÇÃO
20:00
Espetáculo Morte e Vida Severina
26/08/18
PROGRAMAÇÃO
19:00
Espetáculo Morte e Vida Severina