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Paschoal Carlos Magno: um militante do teatro brasileiro.

Paschoal Carlos Magno é um dos homens mais importantes da cultura brasileira do século XX. Sua trajetória de militância pelo teatro brasileiro deixou profundas marcas na história, porque via na força da juventude estudantil, ligado à tradição e às vanguardas cênicas de sua época, um lugar potente para a modernização das artes nacionais. Suas contribuições são inúmeras e sua luta reverbera até hoje.

Por isso que ele será tema de uma das mesas do I Seminário Nacional de Memórias Cênicas na Amazônia. Quando ouvimos os mais experientes, que tiveram a oportunidade de conhecê-lo, e adentramos ao imenso mundo das fontes documentais que ele passou durante toda a sua vida guardando, percebemos a potência de sua grandeza, e os frutos deixados para as artes cênicas brasileiras. A pesquisadora Fabiana Fontana, professora doutora da Universidade Federal de Santa Maria/RS, que se dedica a pesquisar sobre Paschoal desde, em seu mestrado e doutorado, falará sobre Paschoal e os festivais amadores de teatro, eventos que viu surgir importantes nomes do teatro nacional e vivenciaram momentos como a primeira encenação da obra Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, tema que proporciona a realização desse primeiro evento do grupo de pesquisa PERAU.

“Em 1938, Paschoal Carlos Magno funda o Teatro do Estudante do Brasil, grupo amador, expoente no processo de modernização do teatro brasileiro. Sua experiência no TEB o leva a ser considerado um dos líderes do movimento amador que caracteriza o contexto do teatro moderno, no Brasil. Já no inicio da década de 1940, Paschoal Carlos Magno passa então a enxergar o teatro amador como ferramenta de descentralização cultural, chegando a se tornar um dos maiores defensores dos conjuntos amadores criados no Brasil, no decorrer do século XX”, afirma Fabiana Fontana.

A pesquisadora continua: “muitos destes grupos, aliás, mantiveram uma interlocução constante com o mentor do TEB, através de cartas e alguns encontros. A criação do Festival Nacional de Teatro de Estudantes - evento com sete edições, realizadas entre 1958-1975 - é consequência do desejo de Paschoal Carlos Magno em reunir os grupos amadores ligados a ele com o intuito de fomentar o intercâmbio entre tais conjuntos”.

Com base nessas questões, Fabiana Fontana pretende explorar aspectos desta trajetória de Paschoal Carlos Magno, que fundamentem, por fim, um debate sobre a própria escrita da história do teatro no Brasil.

Fabiana Fontana nos conta um pouco mais sobre Paschoal: O diplomata Paschoal Carlos Magno foi um dos intelectuais brasileiros que mais se dedicou à cultura, no Brasil. Ao longo de quase todo século XX, trabalhou, especialmente, para o desenvolvimento do nosso teatro, tendo sido o amadorismo teatral seu principal campo de atuação. Sua ligação com o teatro amador tem inicio, de forma mais contundente, em 1938, ano em que Paschoal Carlos Magno funda, no Rio de Janeiro, o Teatro do Estudante do Brasil, um dos mais importantes conjuntos amadores no contexto do teatro brasileiro moderno. Sua experiência como mentor do TEB, o leva a ser considerado um dos líderes do movimento amador, que se alastra no Brasil, a partir dos anos 1940. Tal posição de centralidade pode ser notada pela quantidade e pelo conteúdo das cartas trocadas entre Paschoal Carlos Magno e os líderes de grupos espalhados por todos os cantos do país.

Esse universo documental, base para muitas pesquisas, foi o lugar de memória principal para a realização da pesquisa de doutorado de Fabiana, que resultou, posteriormente, em seu livro “O Teatro do Estudante do Brasil de Paschoal Carlos Magno”, publicado pela Funarte, em 2016. A autora informa que nesse livro, “além de tratar do TEB, em particular, foi possível mostrar aspectos importantes do envolvimento de Paschoal Carlos Magno com o amadorismo teatral, no interior do teatro moderno. A defesa em prol dos grupos amadores, já logo nos primeiros anos de existência do TEB, passa a se tornar, então, a principal ação de Paschoal Carlos Magno em prol do teatro brasileiro. Ele entendia o teatro amador como possibilidade real de descentralização cultural, no Brasil. Não é, portanto, fora do âmbito desta intensa ligação que se pode entender a criação de um dos seus principais feitos: o Festival Nacional de Teatro de Estudantes. Evento com sete edições, realizadas entre 1958-1975, ele foi idealizado com o objetivo de reunir os grupos amadores ligados a Paschoal Carlos Magno a fim de fomentar o intercâmbio entre tais conjuntos”.

Por toda essa importância para a história do teatro brasileiro, que Fabiana Fontana abordará em sua comunicação, na Mesa II, do dia 24/08, às 17h00, momentos da trajetória de Paschoal Carlos Magno como importante empreendedor cultural, na relação com o amadorismo teatral brasileiro do século XXX. A pesquisadora afirma que essas questões “constituem, inclusive, suporte para um debate acerca da própria escrita da história do teatro no Brasil e da preservação do patrimônio documental das artes cênicas nacionais – campos a que venho me dedicando a mais de dez anos”.

Paschoal Carlos Magno , s.d. Registro fotográfico autoria desconhecida.

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